Você foi um adolescente descontrolado por bRusinhas novas?
Bom… eu fui, não me orgulho disso (mas também não me culpo) e é sobre isso que quero conversar com você hoje.
E começo com: o que é a bRusinha, né? Eu não sei muito ao certo de onde ela surgiu, mas desconfio que era uma brincadeira que nós, minhas amigas e eu (vale lembrar, periféricas), brincávamos com o modo humilde de se comunicar de nossas mães. Porém… não era só isso, a bRusinha tinha um conotativo de popular, barato, acessível, o oposto era bLusinha mesmo, com “L”, caro, ou seja… não estava nas bocas de nossas mães, muito menos vestindo nossos corpos né!? Como ter aquilo que minha mãe não consegue nem pronunciar?
A coisa foi mudando, e a bRusinha hoje pode ser qualquer peça de uma loja de fast fashion, barato, acessível, popular e essencialmente… com informação de moda: aquela saia de paetê bafo que você viu semana passada no desfile de moda de Paris, mas hoje já está alí, prontinha para você na arara, que luxo não!? Aquela roupa para praticar esportes que você tá precisando, meias, pijamas, a camiseta “pra bater”, o sapato da tendência, óculo, acessórios, roupas de praia, bolsas descoladas, bolsas discretas, pequenas, grandes, médias, tem pra todos os gostos, afinal essas marcas tem todos os estilos hihi, tem mesmo? O que é estilo? deixa esse papo pra uma próxima conversa.
Aqui quero trazer uma reflexão sobre as bRusinhas, o fast fashion, que parece muito bom acessar peças com informação de moda, afinal as bLusinhas são caras, e acessíveis apenas para uma minoria (numérica) da população. Olha, não estou aqui para negar, é muito bom mesmo, mas bom para quem? Já se perguntou? Já se perguntou como uma peça chega nas suas mãos por um preço tão barato? Bom, eu vou te trazer algumas informações aqui, mas mais que isso, eu gostaria que você refletisse.
Bom o fast fashion está bastante atrelado com a lógica do capitalismo mundial. essa lógica de aceleração que resulta em peças de desfiles prontas nas vitrines em 15 dias, nada mais é do que uma lógica de consumo que supostamente assegura a sobrevivência econômica do sistema, porém ela só é possível com a exploração e escravização do trabalho. Você sabia que as peças de fast fashion muitas vezes são produzidas em países subdesenvolvidos onde não há leis trabalhistas?
Sabia que essas pessoas se encontram em condições precárias de trabalho, ambiente sujos, apertados, com pouca ou nenhuma ventilação e ganham miseravelmente por isso?
Você sabia que em 24 abril de 2013 ocorreu uma negligência em um prédio de confecção de moda em Bangladesh na Índia que matou 1.134 pessoas e deixou 2.500 feridos?
Essas pessoas fazem parte da realidade de milhares de pessoas que vivem em condições sub humanas para para atender a demanda do consumo desenfreado do Fast fashion, essas pessoas morreram fazendo bRusinhas!
No brasil a situação também não é muito diferente, e aqui indico o documentário “Brazil: Slaves To Fashion”. O documentário aborda a realidade de imigrantes, que muitas vezes, são enganados com condições de vida promissoras, mas ao se depararem em fábricas de roupas no Bom-Retiro São Paulo-SP, famosa pela produção de roupa fashion e popular, o que chamamos na moda de “modinha”, se deparam com condições precárias, mau remunerada, ou até mesmo não remunerada devido a dívida de sua passagem até ao Brasil.
Não quero com esse texto dizer que todo mundo deve parar de consumir produtos do fast fashion, existem pessoas que não tem condições financeiras para adquirirem produtos fora dos limites de preços dessas lojas de fast fashion. Não tem como exigir de uma pessoa que conta as moedas para comer, pagar aluguel, água, luz… e as vezes ainda sim não conseguem, que comprem produtos de moda com um valor maior do que ela possa e sem deixar de lado suas necessidades básicas, quem luta com a vida, fome… certamente não consegue lutar com a moda, não agora! Mas talvez você consiga, talvez consigamos juntes, talvez consigamos lutar por aqueles que agora não conseguem, e assim espero, porque afinal… Não acredito que ainda temos muito tempo.
Então, essa minha reflexão é para você que não se enquadra nessa realidade, antes de comprar uma peça de roupa, se pergunte se realmente precisa dela e quem fez a sua roupa, a marca que está consumindo tem um propósito, tem alma? Quer continuar vestindo bRusinha? A lógica do fast fashion romantiza uma suposta democratização da moda, mas é democrático mesmo? Esse também é outro assunto que eu vou te contar melhor no próximo post, falei que tava cheia de babados pra te contar né? Mas por agora eu faço um apelo, quando pensar que um produto de moda é caro, se pergunte quanto merece receber quem plantou a fibra, teceu, vendeu o tecido, o designer que desenhou, quem modelou a peça, quem costurou, quem transportou e quem vendeu (entre muitos outros). Quanto vale esses trabalhos? e assim, quanto custa sua bRusinha? Bom… Ela custa 25 reais e a vida de milhares de pessoas!
Concorda? Discorda? QUERO MUITO SABER, me mande comentários e perguntas, por aqui ou pelas minhas redes, é sério! Eu sou super acessível hihi, e quero muito criar laços com vocês s2
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5 respostas
Oiê! Acho muito válida a reflexão a respeito do fast fashion, e também do quanto somos bombardeados com a necessidade de compra de produtos que não precisamos. De um modo geral, nos é sabido que o setor de vestuário vai além da necessidade de cobrir nossos corpos, mas também de nos encaixarmos em um padrão de moda que nos é imposto pela sociedade. O consumidor geral, no ato da compra não percebe que ao pegar o seu cupom fiscal, também assina a sentença daqueles que não tem outra opção a não ser trabalhar neste mercado sombrio para sua sobrevivência!
Sim, adorei a observação! Além do desrespeito com os mais vulneráveis, essas marcas ainda nos empurram uma padrão ( mesmo que esse seja mascarado por “diversidades” de estilos) que pertence a um projeto sócio político muito bem sucedido até os dias de hoje (racismo e colonialidade) , toda essa “universalidade” moderna esconde uma lógica de muita violência e detrimento do “Outro”, que acredito que vc sinta na pele, né amiga!? O consumidor final, não só assina a sentença dos mais vulneráveis, como a dele próprio, o fast fashion não acarrete apenas os mais vulneráveis, ele acarreta a todos, ao planeta, se atinge a natureza, ele acarreta quem produz, quem está consumindo e inclusive os que não consomem esse tipo de produto, até mesmo outras espécies não humanas, afinal estamos todos no mesmo planeta. É uma triste realidade, mas também acredito que a realidade seja moldada por nós, e então nem tudo está perdido, vamos junteees *.*
Uma reflexão mais do que pertinente. Parabéns pelo post e pela existência da ZKaya, vida longa ao blog!!!
Obrigade, querida! Vamos de Megazorde _o/\o_
Que texto necessário!