“É necessário cobrar a responsabilização das empresas de marketing e propaganda com a temática étnico racial.”
Olá, minha gente Zkayana! Hoje não é um belo dia para sonharmos com uma vida repleta de sorrisos, mesa farta e ótimas companhias? SIM! Tipo naquelas famílias de propaganda de margarina? Aí não… aí, nem tanto! Quando foi que você já assistiu a presença de uma mulher negra nesse tipo de comercial? Isso seria minha racionalidade respondendo às perguntas que a minha vasta imaginação me faz no cotidiano. Mas, qual o problema com o comercial de margarina, Bianca? Nenhum, minha gente! Com o comercial – de margarina ou de qualquer outro produto do ramo alimentício, estético e quantos mais existam, nenhum mesmo. Mas, com o racismo ali estabelecido, TODOS!
Quer um exemplo? Então vamos recordar!
No Natal de 2018, numa propaganda, a Perdigão mostrava duas famílias para divulgar uma promoção onde cada cliente que comprasse um chester a empresa doaria outro para “quem precisava”. No comercial, a família “necessitada” era de pessoas negras – com uma ceia simples, em uma casa simples. Já a família “provedora”, que contribuiria com a doação, era branca – em uma casa cheia de comida e luxo na decoração. Imediatamente, ativistas negros apontaram os problemas da campanha: estereótipos reforçados, de que as famílias negras estão necessariamente em situação de vulnerabilidade e passividade frente à ajuda dos brancos. E esse é apenas um exemplo, entre tantos outros que poderia citar – como a alusão feita pela marca Bombril aos cabelos crespos, quando intitula uma de suas esponjas de aço como “krespinha” e, para além disso, evoca a sua utilização para limpezas pesadas.
Diversas pesquisas científicas no Brasil refletem estudos sobre responsabilidade social das empresas. No entanto, poucas pesquisas relacionadas à mídia têm analisado o fenômeno do preconceito racial. Por isso eu questiono: por quais razões não fazem parte dessas pesquisas os impactos e consequências das imagens transmitidas pelas mídias sobre a sociedade, principalmente, em relação a grupos étnicos mais vulneráveis? Por quais motivos as organizações que colocam as imagens nas mídias não se preocupam com as ideologias impregnadas nos sistemas simbólicos e, consequentemente, com a possibilidade de que as relações de dominação e de exclusão social estejam sendo reproduzidas na mídia? Eu trago questionamentos que por vezes, ficarão sem respostas, mas, nos encaminharão para processos de reflexão.
Refletir é um passo para o avanço, é inegável! Mas, é necessário cobrar a responsabilização das empresas de marketing e propaganda com a temática étnico racial. Enquanto palco para a divulgação de diversos problemas de sexismo e misoginia na sociedade, o setor da publicidade tem muito a trabalhar para mitigar os prejuízos causado por situações desse tipo, entendendo que elas apenas apontam para um problema mais profundo, que é o do racismo e do preconceito que são estruturais enraizados em toda a sociedade. Mas, se são estruturais, podem sim ser desestruturadas, não é mesmo? Podem sim, minha cara gente Zkayana. E isso, depende muito das nossas ações cotidianas rumo a construção de uma sociedade antirracista e pautada na equidade, não é mesmo?! Sigamos.
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