Segundo uma definição dicionarizada, Identidade é: “conjunto de características que distinguem uma pessoa ou uma coisa e por meio das quais é possível individualizá-la.” Mas não podemos levar apenas essa definição seca e sem sentimentos em consideração pois existem diversas outras formas de falar sobre identidades, como elas são formadas, o que as constituem ou não. Quando pensamos em identidades negras então, muito mais pode ser acrescentado ao balaio desta mistura pois as identidades negras são múltiplas.
Se pararmos para pensar no mundo que vivemos, que é tão hostil ao negro, podemos nos questionar, então como este corpo negro consegue sobreviver e se fortalecer dentro de uma sociedade que lhe nega a existência e a individualidade. Cada vez que alguns discursos precisam ser proferidos como “Vidas negras importam” pode-se entender que algo de muito errado está acontecendo com essas individualidades que em meio a violência perdem a identidade se tornando apenas um ser ameaçador.
Mas, Josi, do que você está falando?
Passando rapidamente pela história do negro no Brasil, podemos entender que foi construída através dos anos em que as pessoas negras eram escravizadas uma identidade que justificava as agressões e a forma desumana que estas pessoas eram tratadas. Ao final da escravidão, não houve uma reparação deste discurso, de forma que ele vive até hoje e um dos meios mais violentos dele existir é justamente o apagamento das individualidades e a criação de um ser ameaçador que não merece respeito e nem mesmo a vida.
Cultivar, entender e respeitar as identidades é ir apagando a história única (já assistiu ao TEDx da Chimamanda sobre este assunto?) criada nos tempos da escravidão e construindo novas possibilidades de existência que vai muito além da resistência que exercemos diariamente.
E é por este motivo que devemos sempre valorizar e exaltar a produção contínua de cultura preta, por entendermos que enquanto povo temos muito a contar e mostrar ao mundo, e enquanto indivíduos com suas próprias histórias, memórias e caminhos temos diversas maneiras de falar e vários pontos de vista para construir as possibilidades de vida.
Ser negro não é um ser diferente ou ser o outro, é ser pessoa. E ser pessoa é ser diversa é ser múltipla, é Ser, simplesmente.
Seguimos lutando para sairmos de dentro das caixinhas que nos colocam constantemente, que nos resumem ao que se diz a cultura negra para sermos mais e além disso, simplesmente porque podemos.
Este não é um bate papo de conclusão deste assunto, é mais uma reflexão que entende que o meio altera a possibilidade de uma identidade, mas que também entende que não importa se gosta de cores vivas ou não, qual o tipo de cabelo que usa, quais as músicas que escuta é necessário e urgente o reforço das identidades positivas negras para que enfim possamos viver de forma plena e complexa.
E para você o que é ser negro no Brasil?