O Mercado de trabalho e a necessidade da Mudança Social

Recentemente, no final de março deste ano de 2022, nos deparamos com a notícia de que a EDUCAFRO e o Centro Santo Dias de Direitos Humanos estavam entrando com uma ação civil contra a maior plataforma online executiva de trabalho, o LinkedIn.

Tudo isso pode parecer brincadeira, mas o LinkedIn achou que estava dando um passo à frente em relação a justiça social e meritocracia profissional retirando o filtro (muito batalhado pelas associações civis e setores da sociedade) de vagas destinados às minorias (Mulheres, Pessoas Negras, Indígenas, PcD, LGBTQIA+), que historicamente sempre foram subjugados no mercado de trabalho; e, ficam muitas as vezes precarizados, marginalizados ou na informalidade.

Isso pois “achavam” que vagas relacionadas às pessoas e grupos oprimidos historicamente e socialmente era discriminatório;  ~com quem? ~essa branquitude patriarcal estava se sentindo prejudicada, acredita?

Após uma decisão unilateral e de baixo para cima o Linkedin (subsidiária da Microsoft), que nem parece que conversou internamente com o seu RH e sua área de diversidade ou com os setores relacionados na sociedade: Com esse passo neoliberal, várias críticas de profissionais, de institutos sérios, influencers e empresas multinacionais apareceram aos montes na internet e no mundo corporativo.

Com a ação recebida legalmente e o boom na internet se colocaram num momento “Betina da Empiricus”; Com aquele discurso no tom de: “Desculpa, somos muito sério – sempre dialogamos com a sociedade e reconhecemos nosso erro. Voltaremos atrás.”

Dito e feito, os filtros e vagas destinadas voltaram. ~será que conversarão com a sociedade e com os especialistas de dentro nas próximas decisões relevantes?~

A questão não é que não se pode errar, mas o erro é tão fundamental e autocrático, amador ou de quem está zero preocupado com a sociedade. É uma plataforma que pretende ser uma rede social que junta pessoas físicas e pessoas jurídicas empresarias (que são gerenciadas por pessoas físicas) que se apresenta e se coloca no mercado justamente como esse facilitador das relações e como um serviço para a sociedade e o mercado de trabalho.

A base desse raciocínio liberal e conservador reflete bem a mentalidade da nossa elite nacional – “para todos serem iguais e acabarmos com os problemas, temos que tratar todos de maneira igual e parar de ficar batendo nas teclas de mimimi e vitimismo.”

Para eles, a ideia do melhor para a sociedade é manter as coisas do jeito que sempre foram e as minorias que reinventem a roda. É um ódio total contra as minorias e com qualquer força que possa tocar nos seus privilégios, assim também o comportamento com as ações afirmativas e cotas raciais.

Eu extrapolo ainda, até seria possível pensar que talvez mesmo – que eles não querem que as minorias cheguem lá para eles manterem seus status e poder sobre nós. Mas quem sou eu para trazer esse questionamento, né? (risos)

 E o que isso tem a ver com a mudança social?

Essas iniciativas de programas de contração voltados às minorias tem-se mostrado muito eficazes para a justiça social e na luta contra as desigualdades, mas muito melhor ainda para as empresas que possuem sistemas nesse sentido.

Precisamos ainda de mais,  tanto nas esferas privadas, quanto públicas e que os contratantes levem isso como algo sério que é e se torne real.

Precisamos olhar não só o currículo formal – habilidades e atitudes e a capacidade de aprendizagem e resiliência. É necessário dar a oportunidade com qualidade e com treinamento e capacitação para pessoas que possuem a garra que só quem passou dificuldade possui.Se para ser o líder na empresa precisa saber usar um sistema X de alta especialização e falar inglês – contrate alguém que possa aprender ou olhe dentro da sua base alguém que possa ser treinado e qualificado.

As minorias não possuem as mesmas oportunidades de ter o mesmo currículo  é necessário dar oportunidades e oferecer com seriedade essas formações e treinamento.

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