Nem sempre é através da agressão física ou de ofensas que o racismo e a gordofobia aparecem. No dia a dia das pessoas negras e gordas, ele surge em momentos sutis, de forma disfarçada. São detalhes, situações tão discretas, que a maioria das pessoas nem percebe. Mas que são fortes o suficiente para fazer mal e aumentar a exclusão de pessoas gordas e pretas. Às vezes, mesmo sendo contra a gordofobia e o racismo, você pode estar cometendo atos racistas sem perceber.
Aqui, nessa lista vamos te mostrar quais são as formas de gordofobia e racismos sutis que acabam sendo tão comuns e que costumam vir de gente que nem imagina que está fazendo algo ruim e que elas gostariam que mudassem. Você já fez algo dessa lista?
Exemplos de atitudes a se evitar quando o assunto é gordofobia e racismo:
1.”Você não é primo de fulano que parece com você?”
Não somos todos parentes.Pessoas pretas que moram perto, em cidades de maioria branca, não quer dizer que sejam parentes.
2.“Cara, você é igual a aquele famoso”
Eu não sou a cara desse famoso. A única coisa em comum é que somos pretos e gordos. Não sou Ed Motta ou Tim maia ou Sérgio Loroza. Assim como as mulheres pretas e gordas não são todas a Jojo Todynho ou as de corpos mais magros se parecem com a Iza ou com Taís Araujo.
3.“Você não trabalha aqui? ou está aqui para isso ou servir? “
Assim como pessoas brancas, nem sempre estamos trabalhando, posso ter momentos de lazer e nem sempre ser um segurança ou garçom nesses espaços. Abraços, Luisa Sonsa e fica a reflexão sobre racismo institucional.
Sou administrador de formação e presto consultorias empresariais. Não importa, eu sou sempre o segurança, quando de terno, para algumas pessoas. ~quem me dera se as pessoas me vissem pelo menos como um segurança bonito e legal e quisessem interagir e não com indiferença e invisibilização como na maioria das vezes. – As vezes me ignoram o evento inteiro e quando dá algum B.O, me chamam porque acham que trabalho ali. Depois são milhares de desculpas. Um salve especial para todos os seguranças e trabalhadores.
4.“Vestido tão bem, tá com roupa nova? Não com a mesma roupa de sempre… “Ahh deve ser porque perdeu uns quilinhos”
Vocês têm a mania de achar que estar vestido bem ou ser estiloso e fashion tem a ver com o corpo da pessoa. Às vezes é a mesma roupa, mas está tão imputada na mente gordofóbica das pessoas que se ela parece melhor é porque emagreceu ou está com roupa nova.
5.“Você é tão bonito ou ficaria tão melhor se você se cuidasse ou emagrecesse.”
Gente, eu me cuido! Não é porque uma pessoa é gorda que não possui uma alimentação saudável e pratique exercícios.”
6.“Nossa, como você é corajoso, se eu fosse “assim” não sei se te teria a coragem de usar essas roupas que você usa ou ir para praia ou se expor tanto.”
Não é porque você tem problemas com corpos gordos que eu tenha também. Não é por que você ache um horror que eu ache também. Ah e sim comentários podem magoar.
7.“ Não sou alguém que liga muito para aparências não. Gosto de pessoas inteligentes, engraçadas e bem para frente só isso, mas você não faz meu tipo”.
As pessoas, no geral, gostam de pessoas inteligentes, engraçadas e divertidas quando tem corpos padrão. Quando tem tudo isso e é não-padrão você é jogado de escanteio e a pessoa que te escanteou nem sabe conscientemente o motivo disso. Mas na maioria das vezes está em falta de interesse em corpos não-padrão ou de vergonha , ou do que outras pessoas vão pensar ou se o próximo está em termos de “seu nível social”.
8.‘Vou desmarcar com ele, ele é super compreensível e de boas. Ele vai entender…”
Já percebeu que para desmarcar com pessoas não-padrão é sempre muito fácil? Pois elas sempre são de boas. Isso não é atoa, pois ser legal muitas vezes é um mecanismo de defesa diferencial pois são sempre segundas ou décimas oitavas opções. E que na sua cabeça inconscientemente pessoas de corpos não-padrão não merecem tanto esforço ou prioridade. Se tem alguém padrão que chamou no dia, mesmo você já tendo marcado (se marcou rss) algo com a pessoa não-padrão há tempos você desmarca com a pessoa não-padrão com a maior facilidade do mundo. Se você duvida, me diga quando você fez o contrário? Quando você deixou alguém super padrão de lado mesmo marcado para dar oportunidade de conhecer alguém não-padrão?
9.“Fulano não é fotogênico, não vou fotografá-lo”
Você já percebeu que nas artes atuais, comerciais, publicidade, moda não se encontra pessoas gordas? Já percebeu que nos eventos que você vai as pessoas não-padrão são invisibilizadas a todo momento? Já percebeu que os instagrams dos eventos que você curte não postam fotos dessas mesmas pessoas gordas no feed ou nos stories? Você posta? Já percebeu que seu insta de fotos favorito ou seu influencer de moda, loja ou seu estilista que você segue não tem a participação de pessoas de corpos que não sejam padrão? A gordofobia está intrínseca nas relações sociais e comerciais, não é mesmo?
10.“Levei essa pessoa para dar um rolê, fiz tudo, dei um jeito de buscar e levar, dei um jeito de pagar tudo, dei afeto, prioridade, fui atencioso. Planejei e consegui tudo dentro do meu próprio esforço, convidei e acho que proporcionei um baita momento”.
Eu tenho quase certeza que se você já fez isso, você provavelmente fez isso para uma pessoa padrão. E que se você já saiu com uma pessoa não-padrão por um tempo, ela provavelmente já fez isso por você; e você nem tenha reparado nisso e nem feito algo em troca e quando podia optou ao invés de retribuir, escolheu outra pessoa padrão para dar tudo isso.
A família e os amigos é o início de tudo e é onde deve estar a compreensão e a base. Se você tem parentes, colegas de curso ou trabalho ou amigos com corpos diferentes, seja apoio.
Quem não conhece e não convive; Não respeita, não gosta e não deseja”
Muitas vezes nem colocam pessoas gordas como um ser existente de fato, vocês dizem que gostam de pessoas com x características – tem pessoas gordas com essas mesmas características e ainda mais, mas vocês nem lembram delas, nem conseguem cogitar. Isso pois já naturalizaram a sua invisibilidade.
Gente, deem oportunidades, redes de amigos, profissionais e nas afetividades para pessoas diversas, fujam desse padrão eurocêntrico comercial; “As dores dos outros não são sempre menores do que a sua.”
Pais, mães, se eduquem e eduquem seus filhos sobre as pautas que a gente está trazendo e discutindo com vocês em todo o blog. Filhos e amigos eduquem-se – estejam prontos a serem didáticos e dialoguem sobre com seus pais e seus pares.
Sobre grupos homogeneizados (das minorias sociais), o lugar do feio, da inferiorização e da subordinação; não é um lugar legal para ninguém. É um lugar total do não pertencimento positivo, e por favor, caro leitor, não reproduza essas violências.
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